A menstruação ocorre por ação dos estrogênios, que causam descamação na camada interna do útero, quando não há gravidez. A ação desses hormônios não é seletiva e também causa aumento da descamação das células que revestem a mucosa da boca. Estas “pelinhas” se acumulam sobre a língua, na forma de biofilme lingual ou “saburra”, e servem de fonte de nutrientes para as bactérias bucais que liberam gases ricos em enxofre, com odor característico de ovo podre.
Para completar, tem o estresse emocional que algumas mulheres sentem na fase pré-menstrual e menstrual. Todo mundo sabe que o estresse gera liberação de adrenalina, não é mesmo? Mas o que isso tem a ver com halitose? Tudo! Vamos lá:
Um dos efeitos do estresse é a redução do fluxo salivar. Com menos saliva, as bactérias bucais se multiplicam e os resíduos se acumulam na boca. Assim, as bactérias ficam com “a faca e o queijo na mão” para liberar gases malcheirosos e causar halitose bucal.
O estresse também altera o metabolismo, causando maior consumo da glicose sanguínea e predispondo a quadros de hipoglicemia. Com pouca glicose no sangue, o corpo usa as reservas de gordura como fontes alternativas de energia e, nesse processo, são produzidos os “corpos cetônicos”, que são substâncias com odor característico de acetona ou fruta passada. Essas cetonas se acumulam no sangue e são eliminadas via pulmões, tanto no ar expirado pela boca quanto pelas narinas, causando halitose sistêmica.
Além disso, pesquisas mostram que algumas mulheres têm alterações no metabolismo nessas épocas, com maior acúmulo sanguíneo de uma substância chamada “trimetilamina”, que tem cheiro de peixe e é eliminada no suor, saliva, urina e hálito. Nesse casos, também ocorre halitose sistêmica, pela boca e nariz.
Tem ainda a história dos absorventes (internos x externos), mas isso é assunto polêmico e vou abordar em outra postagem.
De toda forma, essa halitose é fisiológica ou adaptativa e TEMPORÁRIA. Passa, quando a menstruação acaba. E pode ser minimizada caprichando no consumo de água, com alimentação equilibrada, trocas frequentes dos absorventes e higiene bucal e corporal reforçadas. Já nos casos em que a alteração no hálito é crônica, a dica é procurar um cirurgião-dentista qualificado para diagnosticar a raiz do problema e prescrever o tratamento adequado.
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