dia22Insuficiência hepática é o termo usado quando há deterioração importante nas funções do fígado, ficando o órgão com dificuldade em desempenhar suas funções normais. Pode ser causada por problemas como câncer hepático, cirrose ou hepatite. Como o fígado é um órgão “nobre”, que desempenha diversas funções vitais no organismo, sua insuficiência vem acompanhada de diversos sintomas desagradáveis e que limitam a qualidade de vida, como náuseas, desconforto abdominal, coloração da pele amarelada (icterícia), maior propensão a hemorragias e uma halitose característica, conhecida como “fetor hepaticus”.

Quando há insuficiência hepática, a função desse órgão de transformar substâncias pequenas e voláteis, de baixo peso molecular, em moléculas maiores, de alto peso molecular e não voláteis, fica comprometida e diversas substâncias se acumulam na corrente sanguínea, dentre as quais compostos a base de enxofre (dimetilsulfeto e metionina), cetonas, trimetilamina, amônia e ácidos alifáticos (butírico, isobutírico, isovalérico). Tais compostos são transportados via sanguínea (por isso, a literatura classifica esse tipo de halitose em “blood-borne halitosis”) e acabam sendo eliminados via pulmonar, junto com o ar expirado tanto pela boca quanto pelas narinas, com odor descrito como um misto de rato, cadáver, terra molhada, urina ou peixe.

Além disso, há outras justificativas para problemas hepáticos aumentarem a predisposição à halitose. Uma delas é que o fígado participa diretamente da manutenção da glicose sanguínea, metabolizando suas reservas de glicogênio em glicose, quando há hipoglicemia. Em caso de falência hepática, essa função fica prejudicada e o organismo utiliza as reservas de gordura como fontes alternativas de energia, gerando como subprodutos os “corpos cetônicos”, que são substâncias voláteis com odor descrito como de fruta passada ou de acetona e que acabam sendo eliminados via expiração.

Deve-se considerar também que o fígado é responsável pela síntese dos fatores de coagulação. Em casos de insuficiência hepática, a hemostasia fica prejudicada e aumenta a predisposição a sangramentos em vários locais, como no sistema digestivo e nas gengivas. Isso impacta em cicatrização mais demorada, o que aumenta a formação de odores, potencialmente transportados via sanguínea e eliminados pelo hálito, via pulmonar.

No caso particular do sangramento gengival, o sangue serve de fonte de nutrientes para bactérias bucais, que liberam gases mau cheirosos como resultado final desse metabolismo. Assim, além da maior predisposição à halitose de origem sistêmica, pessoas com insuficiência hepática também estão mais sujeitas à halitose bucal, especialmente se houver desequilíbrio microbiano devido à higiene bucal deficiente ou alterações salivares.

A halitose não é uma doença, mas é uma alteração com potencial devastador, pois interfere nos relacionamentos interpessoais e na autoestima. Porém, mau hálito tem controle, mesmo para situações mais complexas, como nos casos de insuficiência hepática. Assim, essas questões evidenciam a importância de um bom acompanhamento odontológico, visando uma boa saúde e qualidade e vida.

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